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Na estrada

Fonte: Pixabay (alinemorais20120)

Sábado, 5 de agosto de 2017 — 16:43

Estou na estrada. Sozinha. Cresci acreditando que lugar de mulher não fosse na estrada. Ao menos não o meu. Não ao volante. É que desde pequena eu via meu pai guiando e minha mãe no banco do passageiro. “É muito perigoso dirigir na estrada”, ele dizia. Por isso minha mãe não pegava. Porque era perigoso. E ele dirigia horas e horas. Só ele, sem ninguém pra revezar.

Quando eu comecei a dirigir, ele alertava: “você não vai dirigir na estrada não né?” Preocupação normal de pai, eu acho. Ainda lembro como foi tensa minha primeira vez ao volante na estrada. Eu evitei o quanto pude.

Minha primeira vez foi Uberaba- Brasília. Meu ex-namorado machucou o braço. E não tinha jeito, a gente precisava voltar. Era noite. Não bastava ser estrada, tinha que ser à noite. Meu pai sempre alertou para os perigos da estrada à noite...

Percorri tensa o caminho de lá até Brasília. Atenção concentrada, braços contraídos. Se eu pudesse, nem piscava. Acho que só respirei profundamente quando cheguei ao Distrito Federal. Um alívio e uma libertação. Senti-me como se, dali em diante, eu fosse livre. Livre para guiar na estrada.

Coincidência ou não, foi depois dessa estrada que mudei, mais uma vez, o curso da minha vida. Rompemos o noivado dias após.

É que justo lá em Uberaba, aonde eu fui principalmente para meditar sobre o rumo que estávamos tomando, eu me dei conta de que casar poderia até ser algo certo a se fazer, porém não pelos motivos que eu tinha. Não porque “estou ficando velha”, não porque “tenho medo de ficar sozinha”, não porque “meu pai gosta dele”, não porque “ele é um bom amigo”.

Olhei profundamente o meu interior e me questionei quais, de fato, eram bons motivos para decidir me unir a alguém. Já que os que eu tinha claramente não eram bons o bastante. Ao menos não pra mim, tive que admitir.

Lembrei do meu pai nessa hora. Quando criança, ele vivia me dizendo que o importante para um casal era que olhassem juntos para a mesma direção. Durante longos anos, eu não entendi o que meu pai queria dizer com isso. Achava que o importante era que olhassem um para o outro. Provavelmente conclui isso assistindo “A Dama e o Vagabundo”

Passaram-se anos até que eu conseguisse compreender que não se pode ir junto para destinos diferentes; que o requisito essencial para um casal persistir junto é que se tenha ao menos um propósito comum. E é bom que sejam mais de um, porque, quando esse um se esvai, fica muito doloroso sustentar o vínculo só pelas aparências (e essa é a escolha de muita gente).

Foi justamente isso de que me dei conta na estrada de Uberaba, que o essencial pra estar junto é ter esse horizonte compartilhado e foi exatamente pela falta dele é que o noivado se desfez. E se desfez num excelente momento, diga-se de passagem.

Paguei as multas pelo desfazimento dos contratos com uma enorme leveza do coração, convicta de que, quando insisto num relacionamento que sei faltante um ingrediente indispensável para seu sucesso a longo prazo, roubo não só de mim, mas também do outro, a chance de ser feliz.

Deixamo-nos e, logo adiante, encontramos novas chances de felicidade. Ambos construímos relações com horizontes e motivos mais compatíveis do que a que tínhamos.

Meu ex-noivo encontrou uma esposa que compartilhava do seu sonho de futuro e teve os dois bebês que tanto desejava, ao passo que eu estou com meu companheiro atual, sem bebês (por enquanto) e completamente focada na minha carreira.

A vida é uma estrada cheia de bifurcações. A todo tempo, fazemos pausas, umas mais curtas outras mais longas, vislumbramos novas paisagens, aprendemos e amadurecemos no percurso.

Novos e diferentes companheiros de viagem surgem, enquanto alguns outros partem. A gente nunca sabe ao certo quanto tempo quem nos acompanha permanecerá ao nosso lado. Tem gente que fica um verão inteiro. Tem quem só passe uma horinha. E mesmo que compartilhemos o caminho com alguém até bem pertinho do nosso destino final, não tem jeito, o desembarque é solitário, exclusivo. Até aqueles que descem ao mesmo tempo, descem por portas distintas. São portas por que só passamos sós.

É preciso coragem para encarar que a viagem acaba, quer você opte por se divertir ou não, aprender ou não… quer você escolha crescer ou estagnar, aproveitá-la ou desperdiçá-la. E mesmo que se acredite noutras viagens, essa daqui é única.

Empregos cujo crescimento nos tornou pequenos para o cargo, relações tóxicas ou mesmo aquelas que foram muito boas num dado momento, mas o deixaram de ser… É preciso coragem para deixar que as pessoas sigam seu caminho, quando têm que seguir sem nós, e sobretudo é preciso coragem para que sigamos o nosso.

Sim, é preciso coragem, mas, sem sombra de dúvida, dói mais passar a vida resistindo às mudanças do que encará-las de peito aberto, ainda que abrir mão, deixar ir, abrir-se ao novo possa ser amedrontador e, frequentemente, tenha também suas complicações.

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